segunda-feira, agosto 03, 2009

A estrada


Era uma noite quente e enluarada. Alda saíra a pouco tempo do hospital, como ela mesma falava para as amigas, aquele fora um dia de cão, muitos atendimentos no começo de mês em hospital público.
Ela já trabalhava a mais de 5 anos naquele hospital, distante 30 kilômetros da cidade onde morava com os pais. Todos os dias, pegava o seu carro e percorria a estrada até chegar em seu local de trabalho.
Naquela noite, estava tão cansada que dava preguiça de dirigir. Mas, pegou o carro e se dirigiu para casa.
Alda já havia percorrido boa parte do caminho, quando ouviu uma batida. Diminuiu a marcha do carro e logo, percebeu um carro virado com um corpo dentro, em marcha lenta, viu dois braços sendo estendidos em sua direção, e um rosto masculino a olhá-la, pedindo socorro. Alda, então, arrancou com o carro, aumentou a marcha e foi embora.
Travou-se uma briga interna, ora pensava em voltar e ajudar aquela pessoa. Ora, ligar para o serviço médico... mas se voltasse e a pessoa morresse em seus braços... e se fosse pega como culpada pelo acidente...?
Nisso, chegou em casa. Tomou banho. Jantou. Deitou para dormir, não conseguiu. Noite inteira sem dormir, já amanhecendo o dia adormeceu. Acordou aos gritos, vendo o rosto daquele homem preso às ferragens, a pedir-lhe socorro.
E assim, passou vários dias sem conseguir dormir. Para onde quer que olhasse, via o rosto petrificado do homem acidentado.
Em oito meses, Alda já não era a mesma. Tudo que via ou pensava, estava ligado ao acidente que presenciara, até o dia em que foi internada num manicômio.
Ao final de dois anos, já recuperada, Alda resolve enfrentar seu passado e percorrer a estrada do acidente que desde a cena que presenciara, jamais tivera a coragem de trafegar por lá novamente...
Chegando no local exato do acidente, Alda vê um clarão à sua frente que ofusca a sua visão...
Um homem que vinha num carro logo atrás de Alda, ouviu uma batida. Diminuiu a marcha do carro e logo percebeu um corpo dentro. Em marcha lenta, viu dois braços sendo estendidos em sua direção, e um rosto feminino a olhá-lo, pedindo socorro. Ele então, arrancou com o carro, aumentou a marcha e foi embora...

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